CA.SA DE PA.PEL
vitrine expositiva
“Ao longo dos anos vi livros destinados a equilibrar a perna manca de uma mesa; vi livros convertidos em mesa de cabeceira, dispostos em forma de torre encimada por um pano; muitos dicionários aplainaram e prensaram mais objetos do que as oportunidades em que foram abertos, e não poucos livros guardam, dissimulados nas estantes, cartas, dinheiro, segredos. As pessoas também alteram o destino dos livros.”
(Carlos María Domínguez. A casa de papel)
A vitrine expositiva ca.sa de pa.pel poderia ser um desses objetos listados e comentados por Carlos María Domíngues na citação acima, no entanto, a diferença estaria na importância que o livro ganharia, teria papel de destaque, tornando-se personagem principal do enredo narrativo.
A vitrine toma emprestado o título do livro – casa de papel – como uma forma afetiva de aproximar o livro ao cotidiano do outro. Aqui os livros narram histórias, possuem capa e miolo, mas transformam os limites dos livros ditos “tradicionais”. O escritor torna-se artista, as páginas ordenadas ganham outra organização, as palavras, que imperam sobre as imagens tornam-se obsoletas ao domínio das imagens, nessa inversão de “poderes” o discurso ganha camadas, as quais possibilitam a expansão do limite da imagem/palavra. Nesse lugar cultiva-se a criatividade e a reflexão crítica da(s) realidade(s).
A vitrine expositiva ca.sa de pa.pel é uma das possíveis estratégias para se alcançar “leitores”, amantes dos livros e apaixonados por arte. O conteúdo das mini mostras são centradas na intersecção entre literatura e artes visuais.
Com propostas de mostras itinerantes, a vitrine tem como potência a capacidade de percorrer espaços geográficos ampliando assim sua cartografia e seu mapeamento de/sobre livros de artista.
Fabiola Notari